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1 " Audre Lorde nos instiga a pensar na necessidade de reconhecermos nossas diferenças e de não mais vê-las como algo negativo. O problema seria quando as diferenças significam desigualdades. O não reconhecimento de que partimos de lugares diferentes, posto que experenciamos gênero de modo diferente, leva a legitimação de um discurso excludente, pois não viabiliza outras formas de ser mulher no mundo. "
― Djamila Ribeiro , O Que é Lugar de Fala?
2 " Ao pensar o debate de raça, classe e gênero de modo indissociável, as feministas negras estão afirmando que não é possível lutar contra uma opressão e alimentar outra, porque a mesma estrutura seria reforçada. Quando discutimos identidades, estamos dizendo que o poder deslegitima umas em detrimento de putras. "
― Djamila Ribeiro , Quem Tem Medo do Feminismo Negro?
3 " Pensar novas epistemologias, discutir lugares sociais e romper com uma visão única não é imposição - é busca por coexistência. "
4 " é impossível falar sobre história única sem falar sobre poder. [...] Poder é a habilidade não só de contar a história de outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa. "
5 " Devemos pensar uma reconfiguração do mundo a partir de outros olhares, questionar o que foi criado a partir de uma linguagem eurocêntrica. "
6 " Fala-se muito em empatia, em colocar-se no lugar do outro, mas empatia é uma construção intelectual, ética e política "
― Djamila Ribeiro , Pequeno Manual Antirracista
7 " Diante de tantos humoristas reprodutores de opressão, legitimadores da ordem, fico com a definição do brilhante Henfil: 'O humor que vale para mim é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime'. "
8 " A vontade de ser aceita nesse mundo de padrões eurocêntricos é tanta que você literalmente se machuca para não ser a neguinha do cabelo duro que ninguém quer. "
9 " O que se vê é um humor rasteiro, legitimador de discursos e práticas opressores, qe tenta se esconder por trás do riso. Sendo a sociedade racista, o humor será mais um espaço onde esses discursos são reproduzidos. Não há nada de neutro - ao contrário há uma posição ideológica muito evidente de se continuar perpetuando as opressões. "
10 " Ah, eram só adolescentes brincando'. E eu me pergunto quem se compadece da menina negra que terá sua autoestima aviltada, que desde cedo é ridicularizada? Por que se tem compreensão com quem está oprimindo e não com que está sendo oprimido? "
11 " Rir de si quando se é distraído ou desastrado é uma coisa, mas por que raios ei deveria rir da minha pele ou do meu cabelo, como se fosse um defeito, em vez de partes lindas que me compõem? Por acaso ser negra é defeito? No olhar racista, é. Então, para ser aceita por ele, eu preciso rir daquilo que o incomoda, associar meu cabelo a produtos de limpeza, por exemplo. "
12 " Até quando utilizarão o humor como desculpa para comentários racistas? Quem olhará pela menina negra que odiará seu cabelo por causa das piadas? Quem lucrará a gente já sabe. "
13 " Lélia [Gonzalez] foi uma grande "demolidora" de máscaras no Brasil. Num artigo fundamental, 'Racismo e sexismo na cultura brasileira', ela afirma que fomos tratadas como 'infans', aquelas por quem se fala, que não falam por si sós. "
14 " a construção da mulher negra como inerentemente forte era desumana, Somos fortes porque o Estado é omisso, porque precisamos enfrentar uma realidade violenta. Internalizar a guerreira, na verdade, pode ser mais uma forma de morrer. Reconhecer fragilidades, dores e saber pedir ajuda são formas de restituir as humanidades negadas. Nem subalternizada nem guerreira natural: humana. "
15 " Na maior parte da minha infância e adolescência, não tinha consciência de mim. "
16 " As autoras e os autores que eu lia haviam me ajudado a recuperar o orgulho das minhas raízes. "
17 " A repórter Monique Evelle tem uma frase que me marcou muito: 'Nunca fui tímida, fui silenciada". "
18 " o jeito mais simples de se destituir uma pessoa é contar sua história e colocá-la em segundo lugar. "
19 " O não ouvir é a tendência a permanecer num lugar cômodo e confortável daquele que se intitula poder falar sobre os Outros, enquanto esses Outros permanecem silenciados. "
20 " Numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experenciar racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema de opressão. Pessoas brancas vão experenciar do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão. Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas questões, mas falarão de lugares distintos. "