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The Story of a New Name (The Neapolitan Novels #2) QUOTES

9 " For no obvious reason, I began to look closely at the women on the stradone. Suddenly it seemed to me that I had lived with a sort of limited gaze: as if my focus had been only on us girls, Ada, Gigliola, Carmela, Marisa, Pinuccia, Lila, me, my schoolmates, and I had never really paid attention to Melina’s body, Giuseppina Pelusi’s, Nunzia Cerullo’s, Maria Carracci’s. The only woman’s body I had studied, with ever-increasing apprehension, was the lame body of my mother, and I had felt pressed, threatened by that image, and still feared that it would suddenly impose itself on mine. That day, instead, I saw clearly the mothers of the old neighborhood. They were nervous, they were acquiescent. They were silent, with tight lips and stooping shoulders, or they yelled terrible insults at the children who harassed them. Extremely thin, with hollow eyes and cheeks, or with broad behinds, swollen ankles, heavy chests, they lugged shopping bags and small children who clung to their skirts and wanted to be picked up. And, good God, they were ten, at most twenty years older than me. Yet they appeared to have lost those feminine qualities that were so important to us girls and that we accentuated with clothes, with makeup. They had been consumed by the bodies of husbands, fathers, brothers, whom they ultimately came to resemble, because of their labors or the arrival of old age, of illness. When did that transformation begin? With housework? With pregnancies? With beatings? Would Lila be misshapen like Nunzia? Would Fernando leap from her delicate face, would her elegant walk become Rino’s, legs wide, arms pushed out by his chest? And would my body, too, one day be ruined by the emergence of not only my mother’s body but my father’s? And would all that I was learning at school dissolve, would the neighborhood prevail again, the cadences, the manners, everything be confounded in a black mire, Anaximander and my father, Folgóre and Don Achille, valences and the ponds, aorists, Hesiod, and the insolent vulgar language of the Solaras, as, over the millenniums, had happened to the chaotic, debased city itself? I "

Elena Ferrante , The Story of a New Name (The Neapolitan Novels #2)

10 " Repensei no corpo em desordem da professora, no corpo desgovernado de Melina. Sem uma razão evidente, comecei a olhar com atenção para as mulheres ao longo da estrada. De repente me veio a impressão de ter vivido com uma espécie de limitação do olhar: como se só fosse capaz de focalizar nosso grupo de meninas, Ada, Gigliola, Carmela, Marisa, Pinuccia, Lila, a mim mesma, minhas colegas de escola, e jamais tivesse realmente notado o corpo de Melina, o de Giuseppina Peluso, o de Nunzia Cerullo, o de Maria Carracci. O único corpo de mulher que eu tinha examinado com crescente preocupação era a figura claudicante de minha mãe, e apenas por aquela imagem me sentira perseguida, ameaçada, temendo até agora que ela se impusesse de chofre à minha própria imagem. Naquela ocasião, ao contrário, vi nitidamente as mães da família do bairro velho. Eram nervosas, eram aquiescentes. Silenciavam de lábios cerrados e ombros curvos ou gritavam insultos terríveis aos filhos que as atormentavam. Arrastavam-se magérrimas, com as faces e os olhos encavados, ou com traseiros largos, tornozelos inchados, as sacolas de compra, os meninos pequenos que se agarravam às suas saias ou queriam ser levados no colo. E, meu Deus, tinham dez, no máximo vinte anos a mais do que eu. No entanto pareciam ter perdido os atributos femininos aos quais nós, jovens, dávamos tanta importância e que púnhamos em evidência com as roupas, com a maquiagem. Tinham sido consumidas pelo corpo dos maridos, dos pais, dos irmãos, aos quais acabavam sempre se assemelhando, ou pelo cansaço ou pela chegada da velhice, pela doença. Quando essa transformação começava? Com o trabalho doméstico? Com as gestações? Com os espancamentos? Lila se deformaria como Nunzia? De seu rosto delicado despontaria Fernando, seu andar elegante se transmutaria nas passadas abertas e braços afastados do tronco, de Rino? E também meu corpo, um dia, cairia em escombros, deixando emergir não só o de minha mãe, mas ainda o do pai? E tudo o que eu estava aprendendo na escola se dissolveria, o bairro tornaria a prevalecer, as cadências, os modos, tudo se confundiria numa lama escura, Anaximandro e meu pai, Fólgore e dom Achille, as valências e os pântanos, os aoristos, Hesíodo e a vulgariadade arrogante dos Solara, como de resto há milênios acontecia na cidade, sempre mais decomposta, sempre mais degradada? "

Elena Ferrante , The Story of a New Name (The Neapolitan Novels #2)