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" Là-bas, sous les racines, parmi les fleurs corrompues, des bouffées d'odeurs mortes s'exhalaient; des gouttes se formaient sur le flanc gonflé et pustuleux des choses. La peau des fruits pourris crevait, et du pus trop épais pour couler suintait de la fissure. Les limaces laissaient derrière elles des sécrétions jaunes, et parfois, ça et là, un corps informe rampait avec une tête à chaque bout. Les oiseaux aux yeux d'or s'élançaient sous les feuilles et contemplaient ironiquement cette purulence, cette moiteur. De temps en temps, ils plongeaient sauvagement la pointe de leur bec dans ce gluant mélange. "
― Virginia Woolf , The Waves
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" En ce moment, je me sépare tant soit peu de moi-même et vais à la rencontre de la personne qui s'approche; je fais semblant de la reconnaitre bien que je ne sache encore qui c'est. Comme l'addition d'un ami nous transforme curieusement, même à distance... L'utilité des amis est incontestable, en ce qu'ils nous font rentrer dans la réalité. Et pourtant, est-ce assez pénible d'y devoir rentrer, se sentir mêlé, adultéré, fondu, de faire partie d'un autre être ? A mesure que cette personne approche, je cesse d'être Moi pour devenir Moi plus quelqu'un. "
― Virginia Woolf , The Waves
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" — Arranquei do calendário os dias de Maio e de Junho, disse Susan, e vinte e dois dias de Julho. Arranquei-os e amarfanhei-os, e por isso já só existem como um peso no meu coração. São dias mutilados, como borboletas nocturnas com as asas arrancadas, incapazes de voar. Já só faltam oito dias. Dentro de oito dias, descerei do comboio e ficarei parada no cais às seis e vinte e cinco. A minha liberdade vai então desabrochar, fazendo estalar todas as obrigações que me tolhem e diminuem — os horários, a ordem, a disciplina, o ter de estar aqui e ali a horas certas. O dia explodirá de brilho quando eu abrir a porta e vir o meu pai com o seu velho chapéu e as polainas. Vou tremer. Romper em lágrimas. Depois, na manhã seguinte, levanto-me de madrugada. Saio pela porta da cozinha. Irei pelo paul, ouvindo trovejar atrás de mim os grandes cavalos montados por fantasmas que de súbito se detêm. Verei a andorinha roçando a erva. Vou atirar-me para um banco junto ao rio e ficar a ver os peixes deslizando entre os juncos. Terei nas palmas das mãos as marcas das agulhas dos pinheiros. Então poderei desdobrar e examinar com atenção tudo o que aqui nasceu em mim, qualquer coisa de duro. Porque alguma coisa cresceu dentro de mim, através do Inverno e do Verão, dos dormitórios e escadarias. Ao contrário de Jinny não quero ser admirada. Não quero que as pessoas ergam os olhos de admiração quando entro. Quero dar e receber e quero a solidão onde possa desdobrar em paz tudo o que possuo. "
― Virginia Woolf , The Waves