Home > Work > Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions

Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions QUOTES

5 " Pelo menos num sentido, contudo, toda a literatura é acção cívica: por ser memória. Toda a literatura preserva algo que, de outra forma, morreria no mesmo instante em que morrem a carne e os ossos do escritor. Ler é reclamar o direito a essa imortalidade humana, porque a memória da escrita é abrangente e ilimitada. Individualmente, os seres humanos lembram-se de pouca coisa: até memórias extraordinárias, como as de Ciro, rei dos persas, capaz de nomear cada soldado nos seus exércitos, nada são quando comparadas com os volumes que enchem as bibliotecas. Os nossos livros são relatos das nossas Histórias: das nossas epifanias e das nossas atrocidades. Nesse sentido, toda a literatura é testemunhal. Mas, entre os testemunhos, há reflexões acerca das tais epifanias e atrocidades, palavras que oferecem essas epifanias para que outros as partilhem, e palavras que envolvem e denunciam as atrocidades de tal modo que não se permita que ocorram em silêncio. São recordações de coisas melhores, de esperança, consolo e compaixão, e mostram que também delas somos, todos nós, capazes. Não alcançamos todas, nem qualquer delas, a todas as horas. Mas a literatura lembra-nos que elas existem, essas qualidades humanas, a seguir aos nossos horrores, tão certas como ao nascimento sucede a morte. Também elas nos definem. Claro que a literatura talvez não seja capaz de salvar ninguém da injustiça, nem das tentações da cobiça, nem das misérias do poder. Mas algo nela tem de ser perigosamente eficaz, se todos os ditadores, todos os governos totalitários, todos os funcionários ameaçados tentam livrar-se dela, queimando livros, proibindo livros, censurando livros, tributando livros, defendendo com palavras ocas a causa da literacia, insinuando que ler é uma actividade elitista. "

Alberto Manguel , Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions

8 " An obsession is a pleasure that has attained the status of an idea.”

I believe that to lend a book is an incitement to theft.

Superstition and the art of libraries are tightly entwined.

The search for others—to text, to email, to Skype, or to play with—establishes our own identities. We are, or we become, because someone acknowledges our presence.

Perhaps all intercourse—with pictures, with books, with people, with the virtual inhabitants of cyberspace—breeds sadness because it reminds us that, in the end, we are alone.

Because my childhood was largely nomadic, I liked to read about settled lives running their ordinary course. And yet, I was aware that without disruption there would be no adventure.

“The gods weave misfortunes for men,” King Alcinous says in the Odyssey, “so that the generations to come will have something to sing about.”

Don Quixote has attained the state of perfect readership, knowing his books by heart in the strictest sense of the word.

Loss helps you remember, and loss of a library helps you remember who you truly are.

“We must be grateful that we don’t know what the great books were that perished in Alexandria, because if we knew what they were, we’d be inconsolable.”

Losing things is not so bad because you learn to enjoy not what you have but what you remember. You should grow accustomed to loss.

Buenos Aires has always been a city of books, ever since its foundation. I remember the curious pride I felt when our history teacher told us that Buenos Aires had been founded with a library. "

Alberto Manguel , Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions