Home > Author > Mohamedou Ould Slahi >

" Vamos falar de hipóteses. Você entende o que é hipótese?” ■■■■■■■■■■■■■■■■■ perguntou.
“Sim, entendo.”
“Vamos supor que você tenha feito o que confessou.”
“Mas eu não fiz.”
“É só uma suposição.”
“Está bem”, disse eu. Apesar de sua alta posição, ■■■■■■■ ■■■■■■■■■■■ era o pior interrogador que já conheci. Quero dizer, do ponto de vista profissional. Ele saltava daqui para ali sem nunca se concentrar numa coisa específica. Se tivesse de fazer uma avaliação, eu diria que o trabalho dele deveria ser qualquer coisa menos interrogar pessoas.
“Entre você e ■■■■■■■■■■■ , quem era o responsável?”
“Depende. Na mesquita eu era o responsável, fora era ele”, respondi. As perguntas davam por certo que Hannachi e eu éramos membros de uma gangue, mas eu nem sequer conhecia o sr. ■■■■■■■■■■■■ , que dirá ter conspirado com ele como parte de um grupo que nunca existiu. Mas eu não podia dizer uma coisa dessas a ■■■■■■■■■■■■■■■■■■ ; tinha de dizer algo que me fizesse parecer mau.
“Você conspirou ou não com essas pessoas, como reconheceu?”
“O senhor quer a verdade?”
“Sim!”
“Não, não conspirei”, eu disse. ■■■■■■■■■■■■■■■■■ e ■■■■■■■■■■■■■■ tentavam me pregar todo tipo de peça, mas primeiro, eu conhecia todas as peças, e segundo, eu já tinha dito a
verdade a eles. Portanto, era inútil me pregar peças. Mas eles me puseram num infame beco sem saída: se mentisse, “Você vai sentir o peso da nossa cólera”; se dissesse a verdade, ia parecer bonzinho, o que os levaria a crer que eu estava ocultando informações porque aos olhos deles EU SOU UM CRIMINOSO e eu ainda não tinha como mudar essa opinião. "

Mohamedou Ould Slahi , Guantánamo Diary: Restored Edition


Image for Quotes

Mohamedou Ould Slahi quote : Vamos falar de hipóteses. Você entende o que é hipótese?” ■■■■■■■■■■■■■■■■■ perguntou.<br />“Sim, entendo.”<br />“Vamos supor que você tenha feito o que confessou.”<br />“Mas eu não fiz.”<br />“É só uma suposição.”<br />“Está bem”, disse eu. Apesar de sua alta posição, ■■■■■■■ ■■■■■■■■■■■ era o pior interrogador que já conheci. Quero dizer, do ponto de vista profissional. Ele saltava daqui para ali sem nunca se concentrar numa coisa específica. Se tivesse de fazer uma avaliação, eu diria que o trabalho dele deveria ser qualquer coisa menos interrogar pessoas.<br />“Entre você e ■■■■■■■■■■■ , quem era o responsável?”<br />“Depende. Na mesquita eu era o responsável, fora era ele”, respondi. As perguntas davam por certo que Hannachi e eu éramos membros de uma gangue, mas eu nem sequer conhecia o sr. ■■■■■■■■■■■■ , que dirá ter conspirado com ele como parte de um grupo que nunca existiu. Mas eu não podia dizer uma coisa dessas a ■■■■■■■■■■■■■■■■■■ ; tinha de dizer algo que me fizesse parecer mau.<br />“Você conspirou ou não com essas pessoas, como reconheceu?”<br />“O senhor quer a verdade?”<br />“Sim!”<br />“Não, não conspirei”, eu disse. ■■■■■■■■■■■■■■■■■ e ■■■■■■■■■■■■■■ tentavam me pregar todo tipo de peça, mas primeiro, eu conhecia todas as peças, e segundo, eu já tinha dito a<br />verdade a eles. Portanto, era inútil me pregar peças. Mas eles me puseram num infame beco sem saída: se mentisse, “Você vai sentir o peso da nossa cólera”; se dissesse a verdade, ia parecer bonzinho, o que os levaria a crer que eu estava ocultando informações porque aos olhos deles EU SOU UM CRIMINOSO e eu ainda não tinha como mudar essa opinião.