Home > Author > Vergílio Ferreira >

" A força da nossa vontade tem que ver com a vontade da nossa força. Porque a verdade é o que é pela sua justeza, mais o músculo anterior de quem a enuncia. Por isso é tão incompreensível a tolerância na juventude como a intolerância na velhice. Assim, a intolerância é um sinal de juventude de se ser um homem firme como na velhice é um sinal de se ser taralhouco. Assim a democracia não é o triunfo da juventude, a não ser como um terreno é o triunfo do que lá se cultiva. Porque a democracia não é uma “ideologia”, mas o caldo em que todas elas se podem desenvolver. Assim o que melhor a defende é que as ideologias perderam a semente do serem. Mas o que desse modo melhor a define a democracia na sua estabilidade e defesa contra o que a ameace, não é o convívio das várias ideologias, mas a indiferença em face de todas elas. Como na entropia, o regime que nos espera no limite do esperar, está para lá da democracia porque é a ausência de qualquer um. O homem não vai suicidar-se porque a vida sem razão não é razão para que o suicídio valha a pena. Honestamente, o homem vai continuar a morrer de “morte natural”. Mas talvez por inanição. Ou simplesmente de tédio, enquanto não achar um motivo que não o seja. E o tédio não se trata na psiquiatria, mas num sono em que se apodreça de bolor. "

Vergílio Ferreira , Pensar


Image for Quotes

Vergílio Ferreira quote : A força da nossa vontade tem que ver com a vontade da nossa força. Porque a verdade é o que é pela sua justeza, mais o músculo anterior de quem a enuncia. Por isso é tão incompreensível a tolerância na juventude como a intolerância na velhice. Assim, a intolerância é um sinal de juventude de se ser um homem firme como na velhice é um sinal de se ser taralhouco. Assim a democracia não é o triunfo da juventude, a não ser como um terreno é o triunfo do que lá se cultiva. Porque a democracia não é uma “ideologia”, mas o caldo em que todas elas se podem desenvolver. Assim o que melhor a defende é que as ideologias perderam a semente do serem. Mas o que desse modo melhor a define a democracia na sua estabilidade e defesa contra o que a ameace, não é o convívio das várias ideologias, mas a indiferença em face de todas elas. Como na entropia, o regime que nos espera no limite do esperar, está para lá da democracia porque é a ausência de qualquer um. O homem não vai suicidar-se porque a vida sem razão não é razão para que o suicídio valha a pena. Honestamente, o homem vai continuar a morrer de “morte natural”. Mas talvez por inanição. Ou simplesmente de tédio, enquanto não achar um motivo que não o seja. E o tédio não se trata na psiquiatria, mas num sono em que se apodreça de bolor.