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" Normalmente eu não tinha muita paciência para estar com uma gaja durante muito tempo. Cada uma delas queria ficar comigo o máximo que pudesse, e para isso usavam de muitas artimanhas, como fazer o meu prato preferido – moamba de galinha –, me massajar nas costas depois do bem – bom, dar-me banho com sais ou fazer cafuné antes de adormecer, tudo bem feito na benquerença do benjamim. Tinha uma, nome dela era Santinha, que conseguiu me prender por um ano. A gaja era bonita e meiga, muito submissa, o que eu muito apreciava nas mulheres. Detestava tipas armadas que quisessem discutir comigo, levantar o nariz, isso eu nunca admitia, por isso gajas que tentassem pisar o risco levavam no focinho, qual não se bate em mulheres, Saiundo?!, eu também não gostava de lhes bater, mas depois verifiquei que era a única forma de lhes meter na linha, claro, não falo de todas, falo apenas daquelas que são razingonas, que querem mandar nos homens, isso nunca! Eu sei que isso é feio, mas às vezes é a única solução. Mas estava a falar da minha Santinha que era mesmo uma santa, e por isso fiquei com ela tanto tempo. Era doçura de criatura, melaçuda em todos os momentos, e na cama então é que ela se revelava completamente, e eu me perguntava como era que uma rapariga assim tão santíssima, ar dela angélico, na cama podia ser assim tão brava e fogosa ao ponto de me fazer gemer toda a noite, poça!, que às mulheres enganam muito, de sai são uma coisa, aquelas finúrias todas, de noite, na hora dos bons prazeres, até parece que têm o diabo no corpo. E assim fiquei com ela muito tempo, eu e a minha Santocas, santinha, santa. Mas um dia chateei-me com ela por causa dos muitos ciúmes que fazia a torto e a direito, não me podia ver com nenhuma rapariga e ficava logo amuada por muito tempo. Certo dia ela me viu a conversar com uma amiga, perto do Jumbo, Santinha veio ter comigo e, sem dizer nada, me puxou com força pelo braço. Perdi o controlo e ali mesmo lhe esbofeteei na presença da moça com quem estava a conversar e que era de facto uma simples só amiga, e assim que terminei aquela santa relação. "

Boaventura Cardoso


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Boaventura Cardoso quote : Normalmente eu não tinha muita paciência para estar com uma gaja durante muito tempo. Cada uma delas queria ficar comigo o máximo que pudesse, e para isso usavam de muitas artimanhas, como fazer o meu prato preferido – moamba de galinha –, me massajar nas costas depois do bem – bom, dar-me banho com sais ou fazer cafuné antes de adormecer, tudo bem feito na benquerença do benjamim. Tinha uma, nome dela era Santinha, que conseguiu me prender por um ano. A gaja era bonita e meiga, muito submissa, o que eu muito apreciava nas mulheres. Detestava tipas armadas que quisessem discutir comigo, levantar o nariz, isso eu nunca admitia, por isso gajas que tentassem pisar o risco levavam no focinho, qual não se bate em mulheres, Saiundo?!, eu também não gostava de lhes bater, mas depois verifiquei que era a única forma de lhes meter na linha, claro, não falo de todas, falo apenas daquelas que são razingonas, que querem mandar nos homens, isso nunca! Eu sei que isso é feio, mas às vezes é a única solução. Mas estava a falar da minha Santinha que era mesmo uma santa, e por isso fiquei com ela tanto tempo. Era doçura de criatura, melaçuda em todos os momentos, e na cama então é que ela se revelava completamente, e eu me perguntava como era que uma rapariga assim tão santíssima, ar dela angélico, na cama podia ser assim tão brava e fogosa ao ponto de me fazer gemer toda a noite, poça!, que às mulheres enganam muito, de sai são uma coisa, aquelas finúrias todas, de noite, na hora dos bons prazeres, até parece que têm o diabo no corpo. E assim fiquei com ela muito tempo, eu e a minha Santocas, santinha, santa. Mas um dia chateei-me com ela por causa dos muitos ciúmes que fazia a torto e a direito, não me podia ver com nenhuma rapariga e ficava logo amuada por muito tempo. Certo dia ela me viu a conversar com uma amiga, perto do Jumbo, Santinha veio ter comigo e, sem dizer nada, me puxou com força pelo braço. Perdi o controlo e ali mesmo lhe esbofeteei na presença da moça com quem estava a conversar e que era de facto uma simples só amiga, e assim que terminei aquela santa relação.